terça-feira, fevereiro 20, 2018

3 DAYS IN QUIBERON - Emily Atef


3 dias na vida de Romy Schneider.
             O filme alemão da diretora Emily Atef sacudiu a Berlinale nesta  segunda-feira.
             Romy Schneider, a eterna imperatriz Sissi , nunca conseguiu se livrar da conexão com seu personagem filmado quando Schneider tinha 17 anos.
            Aos 42 anos, depressiva e alcoólatra, Romy resolve dar uma entrevista ao jornalista Michael Jürgs da  revista alemã Stern, acompanhado do fotografo e amigo pessoal de Schneider, Robert Lebeck  (o grande ator alemão Charly Hübner).
Romy sempre teve uma relação difícil com a imprensa alemã que se interessava mais por seus escândalos que por seus trabalhos.
            A entrevista acontece durante os 3 dias que Romy está hospedada em um spa francês na cidade de Quiberon tentando se restabelecer.
            A interpretação pela atriz Maria Bäumer impressiona pela incrível semelhança de Bäumer com Schneider. Perguntada durante a coletiva se esse foi o motivo principal da escolha do papel, Bäumer disse que desde criança ouvia que era parecida com a atriz austríaca mas  nunca sonhou um dia representá-la.
            O filme consegue mostrar todo o charme e a vulnerabilidade da estrela  que nunca conseguiu fazer sucesso fora da Europa. O ano de 1981, quando acontece a fatídica entrevista, não foi um ano fácil para Schneider .Seu ex-marido se suicidou dois anos antes . Seu filho David, de 14 anos na época, resolveu deixar de morar com ela . Três meses após a estadia em Quiberon, David morre em uma tragédia que comoveu a Europa.
            O fotografo Robert Lebeck fez nestes 3 dias, imagens impressionantes da atriz, sempre em preto e branco que se tornaram parte importante do acervo de Schneider. A decisão de filmar em preto e branco se deu justamente pelas fotos de Lebeck o que faz do filme uma homenagem ao seu trabalho neste fim de semana.
            Emocionalmente instável, Schneider não conseguiu se manter abstêmia no spa e sua embriaguez foi um prato cheio para o jornalista alemão que manipulava a atriz para obter suas mais íntimas confidências. Em um momento atual onde  a veracidade e a origem  das notícias é questionado o filme toca no ponto nevrálgico da relação da imprensa com celebridades. O jornalista tem que sempre mostrar tudo o que vê, mesmo que isso ajude a afundar a imagem do entrevistado?
            Romy Schneider foi vitima dela mesmo na mesma intensidade que foi vitima dos outros. Era um mito que nunca conseguiu conviver com seu ego. O filme mostra sua fragilidade e não pode ser considerado um tributo. Segundo a diretora Emily Atef, se fosse para realizar uma homenagem teria escolhido outra época de sua vida que terminaria um ano depois, aos 43 anos.
            É um grande filme e virou motivo de orgulho dos alemães que circulam pelo festival . Estampou a capa dos principais jornais do país hoje, alguns já com o urso de ouro ao lado.