CENTRAL AIRPORT – Karim Ainouz
Depois de assistir a Dansel , uma bomba americana na seção da competição com direito a
vaias dos jornalistas, resolvi prestigiar o diretor brasileiro Karim Ainouz ( Madame Satã, Praia do Futuro) na mostra
Panorama.
Karim mora em Berlim há 10 anos e já tinha se
arriscado num filme “alemão” com Praia do
Futuro (2014) que concorreu ao Urso de ouro.
Desta vez o diretor brasileiro entra de cabeça num assunto polêmico ao
abordar a questão dos refugiados.
O emblemático aeroporto de Tempelhoff,
idealizado por Hitler para ser o maior do mundo mas abandonado depois da segunda guerra é um dos vários tótemes
que atordoam a consciência alemã. Palco de festas undergound após a unificação
nos anos 90 , Tempelhoff hoje
abriga nos seus hangares ,refugiados, principalmente sírios, que acabam de
chegar na Alemanha. Como se fosse uma espécie de purgatório entre o inferno da
travessia do Mediterrâneo e a tão almejada redenção da vida nova no primeiro
mundo. Os imigrantes que querem se
estabelecer em Berlim são obrigados a passar por esta quarentena enquanto
aguardam seus documentos com status de refugiados.
O filme acompanha o dia a dia de alguns
personagens reais com foco em Ibrahim, um sírio de 18 anos cuja estadia em
Tempelhoff foi de 16 meses ao invés das quatro semanas prometidas pelo governo
alemão.
Misturando um tom documental com momentos de
narrativa convencional, o filme de Ainouz se perde na linearidade deixando ao
espectador a impressão de imagens vazias que chegam a ser desconexas, deixando
o filme por vezes cansativo.
Interessante , no entanto, a retratação da área
central de Tempelhoff como parque de laser de alemães enquanto, separados por
uma grade, refugiados aguardam a tão esperada possibilidade de um recomeço .
É um tema complexo que merece um debate mais profundo
mas a experiência vale pela ousadia de Ainouz, um diretor brasileiro mexendo na
mais européia das feridas.
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home