domingo, maio 13, 2007

THE GOOD GERMAN,de Steven Soderbergh

Berlim, 1945. A guerra acabou para a mídia mas a divisão da cidade perpetua uma guerra muito mais sinistra entre o setor americano e o setor russo. Era o começo da guerra fria.
A filmagem classudésima em preto e branco de Soderbergh e o ritmo nervoso do filme levam o espectador a uma envolvente viagem no tempo, ao misturar com extrema hablidade imagens reais de Berlim destruída , como cenário da trama. Primorosa edição.
Junte a isso uma Cate Blanchet fenomenal que por muitas vezes lembrava Ava Gardner.
Com ótimo sotaque alemão e mais uma atuação de tirar o fôlego, ela é o elo principal do filme como mulher de um cientista alemão obrigada a se prostiutir para sobreviver no inferno do pós-guerra.
George Clooney também se supera e num tom muito parecido com Good Night and Good Luck reforça a intensidade do filme.
Até Tobey Maguire, all american boy, marca forte presença neste filmão que abriu a Berlinale deste ano.
O final poderia ter talvez um tom menos ópera-tragédia , mas não tira o valor do filme.
Nota 8,0.
p.s- deve entrar em cartaz no Brasil logo como "O Segredo de Berlim". Não perca.

quinta-feira, maio 10, 2007

UMA JUVENTUDE COMO NENHUMA OUTRA, de Karov Nayit por Juliana Sabbag


A tendência pacifista dos últimos filmes sobre os conflitos no Oriente Médio, também se faz presente nesse longa israelense, vencedor do premio CICAE no último Festival de Berlim.
Uma Juventude como Nenhuma Outra (Close to Home, título original) é a história de duas soldadas de 18 anos que cumprem o serviço militar em Jerusalém com a tarefa de patrulhar as ruas da cidade em busca de identificar palestinos (suspeitos ou não, que isso fique bem claro) e cadastrar suas identidades em um formulário designado para isso.
O filme acompanha a rotina dessas soldadas de forma muito realista (uma das diretoras foi soldada e exerceu exatamente essa função de patrulha), quase que documental, mas especialmente humano. Sob o ponto de vista feminino, o conflito entre palestinos e israelenses, mais uma vez, é colocado na forma do absurdo. A cena inicial é emblemática nesse sentido, ao mostrar, dentro de uma cabine, a revista que uma das soldadas tem que fazer em uma palestina que atravessa a fronteira, sob os olhares de sua superior. A dificuldade dessa e de outras soldadas (elas só tem 18 anos) de exercerem essa função, é colocada de forma muito sensível e questionadora. Até que ponto essa responsabilidade atribuida a essas meninas pode exercer realmente o controle da situação e dos conflitos? O filme te dá essa resposta, de forma desesperançosa e imparcial através do olhar incerto dessas jovens, que tem que cumprir um dever burocrático, muitas vezes desumano, em uma cidade que pode explodir a qualquer momento.
Mais o filme vai além...mais do que o conflito em Israel, ele trata da amizade que se estabelece entre as duas soldadas, ele trata das questões da adolescência, da vontade de viver, das transgressões, da liberdade, de pais e filhos, do querer estar perto ou longe de casa (esse sim, um título mais apropriado).
Mas juventude como nenhuma outra não deixa de ser um nome interessante e bastante certeiro. Um filme sobre uma geração de mulheres obrigadas a entrar prematuramente num mundo adulto, militarizado e violento. Essa, sim, uma juventude, realmente, como nenhuma outra.
Imperdível!
PS- em cartaz apenas no Reserva Cultural, o cinema que não vende pipocas, pois tem a pretensão de ser "cinema de arte"....e pipoca...aaahhhh...pipoca...é hollywood...
....com direito a vinheta de revólveres atirando em sacos de pipoca...
isso sim, uma violência a democracia!!!!!