segunda-feira, abril 23, 2018

RADIOHEAD - São Paulo - 22 de abril de 2018

                   Sobre o transe coletivo do Radiohead , ontem a noite no Allianz Park:

                  - O show do Radiohead é uma hipnose coletiva. Música profunda para alma e não consigo pensar em nenhuma outra banda que consiga fazer a mesma coisa comigo. Arcade Fire é outro grande show mas é mais corporal que mental. Radiohead é drama puro.

                - A voz do Tom York, aos 49 anos, é absurdamente limpa e os agudos não se alteraram em quase 30 anos de carreira;

               - A transformação de musicas ao vivo mostra que não são só bons músicos. São excelentes produtores. As versões que eles apresentaram de Everything in its Right Place e Lotus Flower foram sensacionais. Incrível a versatilidade.

              - Bem mais solto que da ultima vez que esteve no Brasil, Tom York e sua dancinha dominaram bem o palco e mesmo nas músicas mais densas a força da voz e da sua concentração levaram o estádio ao delírio diversas vezes.

              - O setlist paulistano apresentou várias surpresas. There There não tocou no Rio, nem Fake Plastic Trees mas foi Let Down que convulsionou o estádio do Palmeiras.

             - Impressionante o silêncio e a concentração da maioria das 30 mil pessoas durante as musicas mais profundas o que mostra que o transe realmente aconteceu.. Não era para principiantes...

           - Apesar do hecatômbico final com Paranoid Android e Fake Plastic Trees, senti falta de Karma Police .

          - Entre as músicas , em períodos de delirio seratoninico, buscava no celular passagem para Bogotá para ir no ultimo show da turnê na quinta-feira.... Lógico que não vou, but for a minute there, I lost myself.....

          Showzaço!

 

domingo, abril 01, 2018

O MECANISMO - José Padilha e Marcos Prado


Enquanto a esquerda brasileira alimenta a  audiência  com ameaças de processo judicial , a NETFLIX deveria se preocupar é com a qualidade técnica dos seus seriados que são lançados internacionalmente.
Depois da bomba do também brasileiro 3%, O Mecanismo , tentativa de retrato do início da operação Lava-jato, chama mais a atenção pela péssima atuação dos seus atores do que pela discussão política que suscita.  Selton Mello , o maior canastrão atual do áudio-visual brasileiro, se supera e interpreta um policial bi-polar  com frases de efeito ininteligíveis  que só consegui entender quando coloquei legenda.  Na esteira da má-dicção vem a policial interpretada por Carol  Abras . Apenas Enrique Diaz, interpretando  o doleiro Alberto Youssef tem uma atuação digna e salva a série.
A grande discussão sobre a tendência política do seriado é uma grande bobagem. Padilha  quis mostrar o início da Lava-Jato , que aconteceu durante os anos PT sendo inevitável a correlação temporal com seus principais personagens. Errou feio sim ao colocar a célebre frase de Romero Jucá , aquela “de estancar a sangria, com Supremo com tudo” como se fosse de Lula mas acertou ao mostrar Aécio Neves e Michel Temer como corruptos contundentes que são , não isentando nenhum lado.
O próprio juiz Sérgio Moro, quando questionado sobre a veracidade dos fatos durante a entrevista no programa Roda Viva, disse que obviamente existe uma dramaticidade nas relações entre políticos, empreiteiros, e promotores  no filme mas que o objetivo de relato documental sobre um determinado período que vivemos  foi  atingido pelo roteiro.
A dramaticidade sugerida por Moro , na minha opinião quase afundou a produção nas mãos do policial afastado Ruffo, intepretado por Selton Mello. A provável inspiração em Carrie  Mathison ( Claire Danes)  , a investigadora também bi-polar da CIA no seriado Homeland , não conseguiu ser tropicalizada e  deixou a trama  em vários momentos um tanto juvenil.
O único mérito de “O Mecanismo” é reforçar a mensagem que já sabemos há tempos.  A corrupção sempre existiu, está inserida em todos os níveis de nossa sociedade e na grande  política não se sobrevive se não se entra na engrenagem dos acordos, das propinas e dos esquemas fraudulentos.
No último capítulo resolvi mudar a legenda para o inglês para experimentar as sensações de um estrangeiro ao tentar acompanhar a confusa trama  orquestrada pela policia federal de  Curitiba. Não sei se passaria do segundo  episódio.Resultado de imagem para o mecanismo