sábado, janeiro 20, 2007

BABEL, parte 2

Assistí a Babel na Mostra de São Paulo e já comentei sobre ele no post de 23/10/2006, mas entrou em cartaz ontem e assistí novamente.
Mesmo vendo com outro olhar por ser a segunda vez, prestando atenção em mais detalhes, volto a afirmar o que disse há 3 meses atrás: o filme tem uma grave falha no roteiro. O núcleo japonês, apesar de ter a melhor cena do filme, simplesmente não encaixa no resto da história. É o que eu chamo de "forçação de roteiro". A ligação do dono da arma com o assassinato simplesmente transcende as reais intenções do filme.
Não deixo de afirmar que o filme é muito bom , mas na minha opinião a liga da história japonesa com as outras duas tinha que ser feito de outra forma.
Mantenho a nota 8,0.




Brad Pitt, muito bem envelhecido, mostra boa atuação na metade final...

sexta-feira, janeiro 19, 2007

THE QUEEN, de Stephen Frears



Venho acompanhando o trabalho de Stephen Frears desde MINHA ADORÁVEL LAVANDERIA (My Beautiful Laundrette) do final dos anos 80. No caminho até THE QUEEN, encontrei filmes notáveis como LIGAÇÕES PERIGOSAS ( Dangerous Liaisons), o agradável MRS. HENDERSON PRESENTS do ano passado e o perturbador COISAS BELAS E SUJAS( Dirty Preety Things) de alguns anos atrás que é meu filme predileto deste diretor e passou quase desapercebido no circuito comercial brasileiro.
THE QUEEN chegou fazendo barulho, afinal contar uma história de pessoas ou celebridades que ainda vivem é sempre um trabalho complicado. No caso da família real inglesa abordada por Frears, a linha entre o falso e verdadeiro é ainda mais tênue pois somos constantemente bombardeados com notícias, fotos e fofocas em todos os meios de comunicação , queiramos ou não. Assim exigimos dos atores interpretacões fidedignas uma vez que conhecemos relativamente bem seus personagens. Pois entre os dois principais personagens , temos uma atuação FENOMENAL ( Hellen Mirrer como Elizabeth II) e outra que praticamente mata as boas intenções do filme ( Michael Sheen como Tony Blair).
THE QUEEN conta um período recente da relação entre as 3 principais instituições britânicas : o governo , a monarquia e o povo durante um triste e intrigante período do atual "triunvirato" formado por Elizabeth II, Tony Blair e o povo britanico de hoje : A morte de Lady Di.
O filme se baseia na relação entre a rainha Elizabeth II e o recém-empossado Tony Blair cujas discussões se concentravam na postura da familia real nos funerais de Diana, uma vez que ela já não fazia mais parte da monarquia e por quem a rainha Elizabeth II nutria um ódio nada disfarçado.
De um lado , Blair- o mocinho do filme - tentava convencer a geniosa rainha Elizabeth- a vilã - a mostrar ao povo britânico a dor e as reais condolências sobre a morte de Diana. De outro, a rainha, apoiada por seu marido Philippe ( muito bem representado pelo ator James Cromwell , o George de Six Feet Under)não mostrava nenhuma intenção em se entregar aos pedidos de seu subalterno Primeiro-Ministro.
Misturando imagens reais com ficção o filme consegue mostrar bem a catarse que tomou conta da Inglaterra nos dias entre a morte e o enterro de Diana e a guerra fria entre o governo e a monarquia.
Se o príncipe Phillipe for tao chato e autoritário como o mostrado no filme , está explicado a cara de pastel subalterno do prinipe Charles que somos obrigados a ver quase todos os dias. O principe Charles no filme, aliás, (Alex Jennings) teve uma representação tão medíocre que no final condiz com o que ele representa para o mundo: Nada.
Apesar de "babar muito ovo" para Tony Blair e algumas representações pífias, o filme é bom e a atuação de Helen Mirrer vale vê-lo duas vezes.
Nota 7,0.


HELEN MIRREN, HELEN MIRREN, HELEN MIRREN !!!

domingo, janeiro 14, 2007

MARIE ANTOINETTE, de Sofia Coppola




MARIE ANTOINETTE
chegou ao último festival de Cannes como um dos favoritos à Palma de Ouro. Saiu como uma das maiores decepções da história do Festival.
Indo na contra-mão da crítica internacional eu gostei do filme. E gostei bastante.
Sofia Coppola vem de dois filmes importantes, autorais, femininos. Tanto AS VIRGENS SUICÍDAS como o ótimo ENCONTROS E DESENCONTROS tem alma feminina e são de uma delicadeza ímpar. MARIE ANTOINETTE não é diferente.
O problema ( que na verdade é um diferencial importante) é que Sofia resolveu mostrar a história da princesa austríaca que virou a última rainha da França de uma maneira diferente, inovadora,flertando a todo o momento com o POP atual. Muita gente acha que não colou. Eu adorei. O baile de máscaras por exemplo, onde membros da realeza cheiravam cocaína ao som de Hong Kong Garden de Siouxsie and the Banshees é irreal, lógico, mas ao mesmo tempo tão autêntica a ponto de validar o esforço do roteiro em contar uma história conhecida de maneira tão moderna.
Logo após a exibição em Cannes houveram vários comentários sobre a cena em que a rainha vai escolher um sapato e ao retirá-lo da prateleira ele está ao lado de um par de All-Stars, cena que lhe rendeu inúmeras críticas. Ora, nada mais normal dentro da proposta apresentada pelo filme. Aliás foi o estilista Manolo Blahnik o responsável pelo desfile de sapatos modernos do filme, peça chave no formato diferente da história.
MARIE ANTOINETTE foi originalmente concebido antes de ENCONTROS E DESENCONTROS, mas as dificuldades em conseguir autorização do governos francês para filmar em Versailles foram tantas que no meio tempo ela conseguiu rodar ENCONTROS...
A crítica detestou o filme também pelo fato de que a Marie Antoniette mostrada era humana demais, dócil demais , bem diferente da rainha que morreu guilhotinada e, principalmente, que ela não se ateve aos verdadeiros fatos históricos, fantasiando demais sobre a vida da personagem.
Mas as grandes e conhecidas polêmicas passagens da vida da Rainha estavam lá:
- O comentário de que já tinha diamantes demais quando lhe foram oferecidos pela Madame DuBarry amante do sogro, o rei Luis XV.
- A primeira fala forçada de M.A. com a própria Madame DuBarry de que haviam muitas pessoas em Versalles naquele dia, sendo essas as primeiras palavras após vários meses de convivência juntas.
- A célebre frase "Se o povo não tem pão, que comam brioches" que no inglês de Copola virou "cake".
O figurino também foi muito criticado pela crítica e realmente a própria rainha , às vezes , poderia estar melhor, mas isso de maneira nenhuma tira o valor do filme.
Kirsten Dust está ok no papel-título. Talvez um pouco "mellow" demais a pedido de Coppola. Madame DuBarry está muito bem (A atriz Asia Argento que entrou no lugar de Angelina Jolie que seria também perfeita para o papel!)mas o Luís XVI interpretado por Jason Schwartmann (de Bewitched) não me convenceu muito.
Se a crítica tivesse analisado o filme como um todo, incluíndo sua audácia e não só sua veracidade histórica, talvez tivesse gostado mais.
Nao deixe de ver. Nota 8,0


Cena do baile de mascaras, uma das melhores do filme


Sofia Coppola durante as filmagens no palacio de Versailles

sábado, janeiro 13, 2007

EM DIREÇÃO AO SUL, de Laurent Cantet



Exibido no último festival de Veneza, EM DIREÇÃO AO SUL não chega a empolgar.
A primeira cena, de uma negra tentando vender sua filha a um negro de casta aparentemente superior no aeroporto de Port-au-Prince no Haiti é talvez o ponto forte do filme e nos leva a crer que o filme tería força.
Mas o enredo das 3 mulheres que vivem nos EUA e Canadá completamente diferentes uma das outras que vão ao Haití atrás de sexo e afeto com negros musculosos não se desenvolve e nem as ótimas atuações de Charlotte Rampling (magnífica) e Karen Young conseguem fazer o filme alçar vôo.
Os conflitos dos personagens -apesar de bens pontuados- se perdem na trama misteriosa que no final fica bem arrastada. Olhei várias vezes pro relógio.
Nota 4,0.