quarta-feira, janeiro 24, 2018

THE POST - Steven Spielberg


Foi-se a época dourada do jornalismo quando os grandes jornais eram a fonte principal de notícias . The Washington Post e The New York Times dominaram a mídia americana por vários anos até recentemente serem desafiados pelas mídias digitais e suas fake news e pós-verdades.
            The Post se passa durante o governo Nixon e mostra o que talvez tenha sido a semente de Watergate e sua posterior renúncia : o caso Pentagon Papers.
            Através de um documento considerado ultra-secreto de 14 mil páginas  vazado do governo americano que prova mentiras durante a guerra do Vietnam,  o filme narra com detalhes a força dos então arqui-rivais jornais de Nova York e de Washington contra a Casa Branca e a Suprema Corte americana.  Era a liberdade de imprensa que estava em jogo contra a grande política e interesses  econômicos.
            Numa dobradinha inédita de Merryl Streep como a herdeira do Washington Post  e Tom Hanks, seu editor,  o filme tem força  por meio de um roteiro dinâmico e inteligente.
            Mesmo com seus momentos spilbergianos e sem a força de  Spotlight, outro filme de teor jornalístico mas com muito mais vigor narrativo, The Post é um grande concorrente ao Oscar de 2018.  Em dias de governo Trump e sua guerra à mídia e às minorias, o filme vem como voz de oposição ao discretamente comparar Nixon ao atual presidente e sugerir a ligação com o caso Watergate, o atual Russiagate?
            Alem disso, colocar Merryl Streep, feminista declarada, como heroína da história, num momento tão importante para a igualdade de gênero é mais um sinal que Spielberg quer provocar. E se depender dos humores de Holywood pode ser uma das surpresas que o Oscar deste ano nos promete. 

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sexta-feira, janeiro 19, 2018

CALL ME BY YOUR NAME - Luca Guadagnini


Fugindo um pouco do assunto Berlinale, entrou ontem em cartaz uma das promessas para o Oscar 2018.
            No norte da Itália em 1983 uma família aristocrata recebe em sua idílica casa de veraneio um acadêmico americano  (Oliver) para ajudar o pai a catalogar obras históricas. A relação entre o filho de dezessete anos (Elio, o ótimo Timothé Chalamet) e o americano é marcado pela construção do afeto, a descoberta da sexualidade e, quem sabe, a repetição do padrão paterno, que num dialogo final de tirar o fôlego quebra todos os paradigmas morais da “instituição” família.
            Através de uma produção estonteante que mostra com riquíssimos detalhes a Itália nos anos 80 , o filme peca por alguma inconsistência nos dramas pessoais dos personagens principalmente do acadêmico que além de ter seu personagem mal construído é afetado pela atuação duvidosa do americano Armie Hammer. Elio, no entanto, é o pilar de sustentação de todo o drama. É dele que vem a força narrativa e é ao seu redor que gira todo o resto.
             “Call me by Your Name”é um filme de detalhes , não só da produção mas do próprio vazio existencial de seus personagens, do vazio das longas cenas bucólicas. É um filme sobre a busca da identidade num excelente equilíbrio entre sexualidade e religião. Sempre digo que saber filmar o vazio é uma arte pois é através dele que conseguimos nos conectar com os personagens. Gudagnino não é o mestre nesta arte mas conseguiu momentos sublimes e um resultado geral bastante comovente. 

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terça-feira, janeiro 16, 2018

SOBRE A BERLINALE


O Festival Internacional de Cinema de Berlim é considerado por muitos o mais vanguardista entre os importantes eventos de cinema.
           Enquanto Cannes, com várias exceções,  privilegia o cinema europeu, Berlim é muito mais aberto a cinematografias de países menos conhecidos como o Irã, a China e o próprio Brasil. (Central do Brasil e Tropa de Elite já ganharam o Urso de Ouro).
Costumo dizer que a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo está para Berlim assim como o festival do Rio está para Cannes. Além disso, Cannes e Rio são considerados eventos glamourosos enquanto São Paulo e Berlim mais alternativos.
O próprio clima é um diferencial. Enquanto a Berlinale acontece no gélido mês de fevereiro, Cannes sempre é no primaveril maio e o festival de Veneza no escaldante agosto italiano. Isso não impede, no entanto, que a Berlinale seja um dos eventos mais esperados do ano onde cinéfilos de todo mundo seguem com atenção não só a mostra principal de competição mas também as secundárias onde vários talentos são revelados e filmes descobertos.

Este ano o festival está dividido em 9 mostras paralelas:

1)     Mostra Principal – Filmes em competição

2)     Curta-Metragens ( Berlinale Shorts)

3)    Mostra Panorama ( geralmente reúne filmes de diretores consagrados que não foram selecionados para a       Competição)

3)     Mostra de Filmes Alemães ( Perspektive Deutsches Kino)


4)     Mostra Forum ( Filmes experimentais)

5)     Mostra Generation ( Para jovens diretores estreantes)


6)     Berlinale Special ( Seção de filmes que homenageia uma personalidade do cinema seja diretor (a) ou ator/ atiz)

7)     Retrospectiva ( Busca a  discussão através de filmes de um mesmo periodo)


8)     Homage ( Conjunto da obra de um diretor ou ator/atriz e ganhadora do Urso de Ouro Honorário)

sábado, janeiro 13, 2018

BERLINALE - 2018

 Eis que retorno ao blog depois de tanto tempo. Vários anos de estudo do cinema depois, volto a escrever já numa missão desafiadora. Acabo de ser selecionado como jornalista credenciado para cobrir a Berlinale 2018, o grande festival de cinema que acompanho há mais de 20 anos. Em parceria com o projeto Cinema na Mesa da amiga e colega Juliana Sabbag pretendo cobrir os filmes da competição além de outros das mostras paralelas.
Neste ano a Berlinale se inicia no dia 15 de fevereiro e já tem Gus van Sant e Benoit Jacquot confirmados na competição principal.
Seguramente será uma das experiências mais incríveis da minha vida e tenho certeza que marcará a volta do blog. Além dos filmes, pretendo retratar como é a vida em um festival de cinema com experiências pessoais e curiosidades sobre um dos eventos mais importantes do cinema mundial
Pretendo postar as matérias no blog do Cinema na Mesa além deste próprio!
Um abraço!